Pedimos Nossos Pais em Casamento com Música.


Assista aqui.

Gente, há 25 anos, na Universidade Federal de Pernambuco, um cara esquisito, de barba, bolsa de couro pendurada de lado e uma calça xadrez horrorosa que cursava medicina se apaixonou por uma moça de olhos verdes que ele chamou de “cortantes palhas de cana”, quando a viu de longe. Provavelmente militando em algum grupo- político-estudantil –socialista-comunista-social-ou-qualquer-coisa-que-levantasse-uma-bandeira-vermelha-tremulante-com-uma-foice-amarela. Obviamente ela cursava serviço social e devia ter óculos gigantes irresistíveis por debaixo dos caracóis daqueles cabelos.
Ele, vindo do Sertão. Ela do Agreste, mas não era o morango, tava mais pra limão azedo a julgar pela cara que fez pra ele quando viu aquela calça xadrez. Ele, poeta, escreveu um bilhete cheio de melodia pra ela que até teria sido mais sensibilizada se não fosse pela danada da calça xadrez. Xadrez, minha gente. Com uma bolsa de couro de lado. Eu já disse isso. Mas acho digno repetir porque quem sabe assim eu escondo o macacão de gari que ele resolveu ir pra faculdade depois. Mas ele é meu pai, gente.  Eu jamais faria isso.
Acabou que uma coisa que dá no meio do peito, gela a barriga e dá um nó na garganta acabou sendo mais forte do que o guarda-roupa do rapaz e ela acabou caindo de amores por ele. O amor pegou de jeito já e completou 25 anos de estrada dia 29 de Dezembro. Sorte a minha, que por causa disso to aqui pra contar história. E de Sofia, mi hermanita, que está a aqui pra cantar história.

Esse vídeo que vocês vão assistir foi o presente que Sofia e eu decidimos dar pra eles.  Foi surpresa pra família inteira na noite de réveillon e daí dá pra imaginar como foi gravar, compor, editar, tudo isso sem eles sonharem que a gente estava fazendo esse vídeo. Criatividade testada nível hard Eis o resultado! A letra é minha e a melodia de Sofia, no piano. Eu só ajudei no violão porque tocar e cantar mesmo fica pra caçula.
A reação dos dois foi bonita de ver. Entre algumas lágrimas, gargalhadas e cara de choque, a gente viu os dois se abraçando longamente. Dá pra imaginar uma cumplicidade de um quarto de século? Pra mim ainda não. Mas pra ver, dá.
Dessas coisas da vida que não se compra, vende, troca, nem esquece.
Espero que vocês gostem!

Vermelho&Xadrez 

(Clarice Freire/Sofia Freire)

Te escrevi um bilhete, menina,
Num pedaço roto de papel.
Versei torto a nossa sina,
Por te confundir com o céu.
Estranha pareia de insensatez,
Se emparelhou um dia de vez.
Você era vermelho,
E eu era xadrez.
Minha casa, comigo,
Amigo de casa, comigo. (repete)
E o tempo é nada.
Te respondi o bilhete sem linha,
Entregando o que era eu.
Sem saber se era morno ainda,
O Sertão que você me deu.
Nosso amor é fruta cortada,
Uma banda sem outra não vale nada,
Tem menina que é nossa,
Junta e misturada.

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