Último dia da série sobre as coisas que eu gosto. Hoje eu gosto da música.

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Hoje termina a mini série sobre as coisas que eu gosto. Inclusive, gostei particularmente dela e, por isso, ela já está virando outra coisa. Mas aí é surpresa, já já eu mostro pra vocês.

Decidi terminar a série com a música porque eu não consigo escrever nem trabalhar sem ela. Ela ajuda minhas tardes aqui na agência pra tudo: desde a hora da criação até fazer aquele anúncio ou roteiro nem tão criativo assim, mas ela melhora. Ela deixa qualquer tédio mais bonito, qualquer cena, na verdade, qualquer vida mais bonita. Sinceramente acho que todo mundo tem uma trilha sonora para a sua.

Quem quiser me mostrar a sua aqui ou

na fanpage do blog

eu vou adorar. 🙂 Qual a trilha sonora da sua vida?

Gosto tanto da música que acabei escrevendo duas opções pra ela e, como hoje é o dia do fim da série, postei as duas. Quem manda aqui sou eu. Hahaha

Agora pra vocês ouvirem o que eu estava escutando quando escrevi esse post e, na verdade ainda estou,

é só clicar aqui e dançar por dentro.

Porque  no trabalho não dá.

E pra quem ainda não ouviu,

fiz uma com minha hermanita.

  Não disse? Eu gosto mesmo dessa danada dessa música.

Uma ótima semana pra vocês. Cheia de coisas que nós gostamos. 😉

Clarice.

Acende a Luz and Let it Be.

Gente, quero pedir licença a todos os leitores de Recife e todos os lugares do Brasil (também os espalhados pelo mundo!) do Pó de Lua pra fugir um pouco, só por hoje, do perfil do blog para um texto diferente.

Todo mundo sabe que esse fim de semana no Recife foi bem movimentado. Aconteceram vários shows importantes pra todo tipo de gosto. Eu, como fã dos Beatles que sou desde pequenininha – culpa de uma mãe politicamente engajada e, graças a Deus, de ótimo gosto musical, o que me salvou – preciso dizer alguns sentimentos que a vinda do Sir. Paul McCartney me trouxe junto com seu show espetacular, emocionante e inesquecível.

Um deles foi a vontade de fazer uma reivindicação.
Quero fazer um apelo às autoridades, formadores de opinião do país e da minha querida cidade do Recife por uma coisa tão essencial quanto as outras emergências que gritam pelas ruas e pessoas por aí. Venho através desta pedir Luz.

Sim Luz. No sentido mais amplo da palavra. O primeiro é a Luz da inteligência para iluminar cabeças cheias da lama do preconceito e, talvez, algumas flores pra colocar nas mesmas bocas pertencentes às mesmas cabeças aqui citadas pra perfumar um pouquinho o que sai dali de dentro.
Sem mais. Essa Luz é importante. Quem puder providenciar favor entrar em contato.

O segundo sentido da luz é mais fácil, é elétrica mesmo. Voltar andando à noite pelas ruas da minha cidade nos arredores do Arruda foi uma experiência, no mínimo, estranha, do alto da minha classe média. Era estranho ver aquelas ruas ocupadas, cheias de gente e poder andar sem medo, mas, ainda assim, no escuro. Paul trouxe um brilho lindo pra Recife, isso é fato, mas foi um brilho passageiro – infelizmente ele não quis morar aqui com a gente, uma pena – que iluminou as ruas de vida.

Ocupação, entendem? E aí a gente usa a cidade. E aí ela é nossa. Anda, pega ônibus à noite, fica esperando uma carona sentada no meio fio da Avenida Norte de madrugada rindo satisfeita sem olhar para os lados apavorada, porque as ruas estão cheias de gente. Mas ninguém quer andar no escuro. Um breu, uma escuridão amarelada que ainda assim, deixa um clima de abandono, de filme de terror. De perigo mesmo.

Mais luz, gente. Mais luz nas ruas. Mais avenidas claras, menos dificuldade, mais claridade. A gente merece.
Claro que isso não resolve as causas da violência, da fome, das injustiças, não resolve, eu sei. E isso é, obviamente, a maior urgência. Só acho que uma coisa não impede a outra, pelo contrário.
A gente ilumina o caminho pra andar melhor na estrada.

Por fim quero reivindicar pela luz dos corações. Olhar em volta e ver mais de 50 mil pessoas acendendo pequenas luzes do celular me fez, por um segundo, ao som de uma frase que dizia “And in my hour of darkness(…)Let it be” pensar que o céu estava no chão. Um sentimento bom de esperança.

Fazendo o trocadilho infame, Deixe, star. Se deixe brilhar, rapaz. Star porque por um segundo, com tantas luzinhas, dava pra confundir aquele mar de gente-vaga-lume com o céu. Parecia (com o exagero que permite a poesia) que a gente pode ser um espelho do céu estrelado, desafiar a energia elétrica e a lama do preconceito e brincar de ser luz própria. Colocar num canto alto e espantar o escuro.

Fica aqui a minha reivindicação.
Resumida, porque teria algumas milhares de outras. Mas já que tive que escolher, eu peço por mais Luz, luz e claridade.

Pra que a gente acende a luz e deixe Star.

😉

Clarice.

Presente Deslocado.

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Olha, eu não sou daqui, nunca fui e acredito que não vou ser nunca, não me adaptei. Me desculpe. Estou indo embora. Não aguento esse lugar estranho, essa gente rara, esses cheiros agridoces. Eu nem sei o que é agridoce, mas você sempre usa essa palavra e eu acho bacana. Bacana. Ninguém fala bacana por aqui. Como as pessoas convivem umas com as outras se não falam “bacana”, “supimpa”, “ué”? Eu também nunca usei essas palavras, mas como não sou daqui e sei que gente daqui não vivia sem essas palavras, não entendo. Que pessoas mutáveis, mutantes, inconstantes essas desse lugar. Já fiz minhas malas e daqui não levo nem a poeira do chão. Nada. Levo só umas memórias confusas, umas lembranças distorcidas, tudo culpa minha, eu sei. Eu que não entendo nada, não entendo nunca, eu não me adaptei.  Vou embora, tchau. Adeus.

Disse o Presente, sempre insatisfeito, meio hiperativo, sempre dramático. Por inbox.

– Fico passado com esse cara. Já cansei de ouvir essa ladainha.

Retrucou o Passado. Assim no passado mesmo. Sentando na cadeira de balanço.

-Lá vem ele de novo.

Entediou-se o Futuro. A essa altura, já estava no passado também. Abriram uma cervejinha, um amendoim que tinham ganhado de presente e riram do tempo.

Clarice.

Só porque o agora sempre é insatisfeito e apressado, mas não precisa perder o bom humor.

Boa sexta pra vocês.

Sobre o Infinito, umas Laranjas e o Bigode.

A senhora sempre comprava as mesmas frutas vermelho amareladas pra fazer suco no final da tarde. Ia sempre na mesma venda. Levava sempre os mesmos sacos surrados com um símbolo de infinito na frente. Todos os dias. Curioso, o senhor bigodudo que vendia as tais frutas quis fazer mais uma de suas perguntas inteligentes e ter assunto para contar no mesmo bar de todos os dias. O mesmo bar.

– Bom dia, senhora.

– Bom dia.

– As laranjas de sempre?

– Dez, por favor.

– Posso fazer uma pergunta?

Agora sua expectativa chegava ao tamanho do seu bigode

– Já fez.

Ele ignora.

– Isso nas suas sacolas, significa infinito, não é?

Agora ele já  achava que sua esperteza estava maior que o bigode.

– Sim.

– Mas todos os dias tem que comprar laranjas novas. E as coloca aí dentro. Elas acabam rápido, a vida acaba rápido, o dia acaba rápido, o suco acaba rápido. A senhora já devia ter concluído, portanto, que o Infinito não existe. Não acha que fica um tanto ridículo para alguém da sua idade ficar usando um símbolo desses pra comprar todo dia as mesmas frutas porque elas acabaram?

“Rá!”, pensou o bigodudo. “Ah”, pensou ela enquando escolhia mais laranjas por cima dos óculos.

– Acabou por hoje, mas a culpa é sua.

– Minha?

– Você vai estar aqui de novo amanhã, isso quer dizer que amanhã tem mais, então elas estão na verdade acabando ou começando?

O homem agora se engasgou com os bigodes. Pensou. Precisava valorizar seu trabalho.

– Bom. Graças a mim, estão começando.

– Então pare de vender laranjas e eu deixo de acreditar no Infinito.

Clarice.

Foto via iPhone e Instagram: Desenhei essa senhora com caneta no bloquinho de papel faz tempo, com essas sacolas ao lado e não tinha pensado em nada pra ela. Chegou hoje.

Sina Mambembe.

Gente, Catarina Calábria, minha amiga linda fez na vida real o que eu

só fiz aqui no blog uma vez

: ela fugiu com o circo. Calma. A fuga só durou o tempo da viagem para o Vale do Capão, na Chapada Diamantina, com um grupo de artistas que iam se apresentar e acampar por alí. Ela aproveitou a ideia e foi também. Felizmente já voltou pra contar história e mostrar um pouquinho do que foi. Ontem, ela me mostrou essas fotos e deixou que eu mostrasse pra vocês também aqui no Pó de Lua como foi essa vontade dar uma escapadinha pra o meio do mato (certamente o meio do mato mais bonito do mundo: estamos falando da Chapada!) e ter a sina de um artista mambembe. Nem que seja por um final de semana

Claro que isso inspira a gente. Vai aí um pouco disso também, no final das fotos.





Extra, extra!

Troquei o extra pelo o ordinário.

E um Tesouro invisível,

Troquei por meu salário.

Um aviso, um aviso!

 Tenho um coração indiviso.

E uma sina mambembe,

Que só ama de improviso.

Clarice.
Fotos: Catarina Calábria.

Batuque de Vidro.

Gente, post um pouquinho diferente.É mais um que aconteceu comigo mesma, ainda agora.

Hoje foi um desses dias que precisei ir para o trabalho de carro. Aquele stress que todo recifense já está esburacado (hã, hã?) de saber.O caminho de poucos metros pode levar uma horinha inteira que você poderia ter chegado mais cedo, dormido mais e ali parado você fica na dúvida entre suas músicas de sempre na playlist ou as de sempre da rádio e o ar condicionado, coitado, não dá conta do recado

Pois bem. Nada mais corriqueiro e inacreditavelmente igual do que essa cena que a pessoa que vos fala acaba de descrever. Em caso de identificação, é mera recifiência. Então eu coloco aqueles óculos escuros que me fantasiam de mau humor e fico batucando na direção, pra espantar alguma coisa, porque os carros da frente não obedecem meus dedinhos nervosos.

E eis que alguns segundos me amolecem que nem aconteceria com uma pedra de gelo se eu jogasse no asfalto fumaçante pela janela:instantaneamente.

Um molequinho magrelo vem saltitante com uma caixa de Halls nas mãos. Ele não alcançava sequer as janelas. O jeito que ia de carro em carro e não durava um segundo em cada um me distraiu e parei de batucar. Acho que ohumor das pessoas não estava diferente do meu de manhã cedo. O menino estava sério, carrancudo, mas saltitante como qualquer criança ou filhote só consegue andar assim: aos pulos. Já perceberam? É impressionante.

Ele chega. Se estica todo pra colocar os olhinhos curiosos no começo do vidro do carro. E, como eu na direção, começa a batucar os dedos no vidro. Acho que não pra espantar nada, como eu, mas pra chamar minha atenção. Ri com o gesto do menino, igual ao meu. Não tinha dinheiro,portanto, comecei a batucar de volta no vidro. Ele tomou um susto e se esforçou pra me olhar pelo fumê. Provavelmente querendo julgar se eu batia no vidro com raiva ou não. Eu sorri aberto, ao contrário do meu carro, do sinal e dos outros motoristas. Ele sorriu e batucou de volta: até o sinal abrir,batucamos os dois, agora com as duas mãos e todos os dedos. Quase um maracatu a dois. Eu fazia, ele imitava e a gente ria de se acabar. O sinal abre. Eu dou tchau, ele também.

Eu sigo, ele fica.

Por alguns segundos o vidro que sempre me separa desse mundo acabou me juntando ao menino por causa de uma brincadeira boba. Na verdade eu não queria que ele passasse por mim como quem leva um “choque de não”. Mas um toque de coração, porque não? E eu fico me perguntando se eu sigo, e ele fica, pra onde ele vai depois. Espero que pra “algum lugar ao Sol” que não seja debaixo dele, vendendo bala. Não estou aqui pra fazer uma análise sociológica da minha geração acomodada que simplesmente segue com o carro após dois segundos de “caridade” e acha que mudou o mundo. Não. Isso eu falo em outras ocasiões.

Eu só queria contar pra vocês mais uma história daqueles amores efêmeros bonitos, que poderiam ter sido escritos com açúcar e seriam quentes num dia gelado. Apesar do calor do Recife, não é desse Sol que eu estou falando.
É bom encontrá-los, ter olhos pra sentir, coração pra ver e dedos pra batucar.

Clarice.

Fotos via iPhone e Instagram.

Pedimos Nossos Pais em Casamento com Música.


Assista aqui.

Gente, há 25 anos, na Universidade Federal de Pernambuco, um cara esquisito, de barba, bolsa de couro pendurada de lado e uma calça xadrez horrorosa que cursava medicina se apaixonou por uma moça de olhos verdes que ele chamou de “cortantes palhas de cana”, quando a viu de longe. Provavelmente militando em algum grupo- político-estudantil –socialista-comunista-social-ou-qualquer-coisa-que-levantasse-uma-bandeira-vermelha-tremulante-com-uma-foice-amarela. Obviamente ela cursava serviço social e devia ter óculos gigantes irresistíveis por debaixo dos caracóis daqueles cabelos.
Ele, vindo do Sertão. Ela do Agreste, mas não era o morango, tava mais pra limão azedo a julgar pela cara que fez pra ele quando viu aquela calça xadrez. Ele, poeta, escreveu um bilhete cheio de melodia pra ela que até teria sido mais sensibilizada se não fosse pela danada da calça xadrez. Xadrez, minha gente. Com uma bolsa de couro de lado. Eu já disse isso. Mas acho digno repetir porque quem sabe assim eu escondo o macacão de gari que ele resolveu ir pra faculdade depois. Mas ele é meu pai, gente.  Eu jamais faria isso.
Acabou que uma coisa que dá no meio do peito, gela a barriga e dá um nó na garganta acabou sendo mais forte do que o guarda-roupa do rapaz e ela acabou caindo de amores por ele. O amor pegou de jeito já e completou 25 anos de estrada dia 29 de Dezembro. Sorte a minha, que por causa disso to aqui pra contar história. E de Sofia, mi hermanita, que está a aqui pra cantar história.

Esse vídeo que vocês vão assistir foi o presente que Sofia e eu decidimos dar pra eles.  Foi surpresa pra família inteira na noite de réveillon e daí dá pra imaginar como foi gravar, compor, editar, tudo isso sem eles sonharem que a gente estava fazendo esse vídeo. Criatividade testada nível hard Eis o resultado! A letra é minha e a melodia de Sofia, no piano. Eu só ajudei no violão porque tocar e cantar mesmo fica pra caçula.
A reação dos dois foi bonita de ver. Entre algumas lágrimas, gargalhadas e cara de choque, a gente viu os dois se abraçando longamente. Dá pra imaginar uma cumplicidade de um quarto de século? Pra mim ainda não. Mas pra ver, dá.
Dessas coisas da vida que não se compra, vende, troca, nem esquece.
Espero que vocês gostem!

Vermelho&Xadrez 

(Clarice Freire/Sofia Freire)

Te escrevi um bilhete, menina,
Num pedaço roto de papel.
Versei torto a nossa sina,
Por te confundir com o céu.
Estranha pareia de insensatez,
Se emparelhou um dia de vez.
Você era vermelho,
E eu era xadrez.
Minha casa, comigo,
Amigo de casa, comigo. (repete)
E o tempo é nada.
Te respondi o bilhete sem linha,
Entregando o que era eu.
Sem saber se era morno ainda,
O Sertão que você me deu.
Nosso amor é fruta cortada,
Uma banda sem outra não vale nada,
Tem menina que é nossa,
Junta e misturada.

Papel de Presente.

Ontem fui a Livraria Cultura comprar um livro de Virgínia Woolf pra minha mãe. Um pedido antigo de aniversário que eu, pra variar, não tinha tido tempo de ir comprar. Comprado, pedi pra embalar pra presente. Detalhe: ela estava comigo, escolheu o livro e estava vendo o cara dobrar quase artisticamente um papel colorido que ela ia colocar as mãos em alguns minutos e rasgar por inteiro.  Mas era um presente e eu queria papel colorido, posso? O.O
Tem gente que me pergunta de onde vem a “inspiração” pra o blog. Muita gente. Eu sempre respondo “de tudo”. Pode ser culpa sua algum post aqui, por exemplo. Que você me disse, fez, contou. Eu gosto de olhar o que ninguém olha. Sempre tem um mundo de histórias por trás das coisas de sempre. Ai vai o que eu vi nessa cena que contei aí em cima.

– Mas você vai morrer!  Rasgado.

– Eu sei.

– Mas não vai durar nada, se ainda durasse, tinha serventia. De alguma coisa valia. Mas papel, pra quê? Ela tá ali só esperando, não vê? Pra te estraçalhar todinho. Estar aí não interessa. O que ela quer está dentro de você. E olhe que tem pressa.

– Cada um com seu papel.

– O seu não podia ser diferente, papel de presente?

– Podia. Mas eu não queria. Eu me rasgo pela expectativa. O que tem dentro é Tesouro. Morro e a vontade eu deixo viva. Eu faço o mistério irresistível e ainda dizem que os Amores efêmeros não são bonitos. Sinceramente, eu sou lindo.

 

Clarice Freire.

 

Fotos via iPhone e Instagram.

É Brega. Muito Cafona.

 

– O amor é brega, é trash, retrô, é velho, antigo, é ultrapassado, capenga, é enfraquecedor,  humilhante, é desgastante,  irritante, é desconcertante.

Desestabilizador. Alisa, deixa estar e alí está a dor.

O amor é muito ridículo. Muito. Muito cafona. Muito. Tem cara de creolina e som de sanfona. Sanfona não. Radiola. É daquela mola. Mola de plástico multicor que estica, enrola.

De fita cassete. De lado A e lado B de LP. De colônia, lavanda de sulanca pra bebê. De pluma mofada a traças. Aquela mala sem alça lotada de salto alto, gravata.

Coisa barata.

De enceradeira de chão de madeira, sabe? Que fica aquela coisa lubrificada, encebada, gordurosa feito banha no cabelo. Nojento. Pronto. É assim. Grudento.

Ah, coisa mais vintage. Cursy, antiquado, retrógrado, amargurado. Aquela mistura bufenta de oncinha, verde limão e dourado. Saiu de um brechó? Tenha dó. Tenha dó.

– Hum. Vai levar?

Disse entediada a mulher do caixa. Eu sempre quis ser caixa de Bom Preço. Mas essa era de uma book store de esquina, que também vendia umas histórias de amor por um e cinquenta. As unhas douradas, verdes e de oncinha trash. Eu reparei.

– Vou. Três por favor.

Clarice Freire.

Gente, essa ilustra linda aí de cima é mais uma obra de arte da minha duplamiga Priscila lins, do http://meurisoto.blogspot.com/ . Depois que eu mostrei esse post de hoje, ela fez “não posta agora não, deixa eu desenhar aqui uma coisa rapidinho.” Tá, né. Uma inspiração puxa a outra. Esse foi o resultado do “desenho rapidinho”dela. haha

Brigada, Pri. Adorei!

Uma Radiola Charmosa.

Vovô Jaime:

Hoje o tempo é gasto na pressa da velocidade da luz, eu sei, minha filha. Do que já foi, restou pouco mais do que meus ternos amassados. Um beijo apaixonado, vem depois de dezenas apresados. Ainda se usa terno? No meu tempo, se falava, ainda, de eterno.

Veja só. Eu sou do tempo dos amantes. Vocês não conversam mais a dois. Se primeiro é o depois, antes do antes.

Eu até entendo que sua rapidez de informação me desarme.

Mas, minha filha, sinceramente.

Cadê o charme?

Clarice Freire.

Cheguei em casa ontem depois de um dia de trabalho e escuto uma coisa diferente. Chego na sala e está Sofia, minha irmã que o que tem de mais nova tem de mais musical do que eu, sentada no chão e fazendo uma luminária pra o quarto dela, escutando Bach. Procurando de onde vinha aquela música com um embalo diferente, toda preguiçosa era a melodia, com um chiado charmoso e vi aquela radiola que minha mãe adora e escutava de tudo enquanto era em quem desenhava no chão, com uns 4 anos de idade. Ela tinha parado de funcionar e agora voltou à vida. Do lado esquerdo tem aquele monte de LP`s maravilhosos (uma coletânea de Chico que ela achou no lixo) e umas reliquias dos Beatles que, claro, ao fim de Bach, pedi pra Sofia colocar. Eu sei que é mais fácil baixar tudo na internet e que mil LP`s cabem no seu celular hoje em dia. Mas, de novo, cadê o charme?