Papel de Presente.

Ontem fui a Livraria Cultura comprar um livro de Virgínia Woolf pra minha mãe. Um pedido antigo de aniversário que eu, pra variar, não tinha tido tempo de ir comprar. Comprado, pedi pra embalar pra presente. Detalhe: ela estava comigo, escolheu o livro e estava vendo o cara dobrar quase artisticamente um papel colorido que ela ia colocar as mãos em alguns minutos e rasgar por inteiro.  Mas era um presente e eu queria papel colorido, posso? O.O
Tem gente que me pergunta de onde vem a “inspiração” pra o blog. Muita gente. Eu sempre respondo “de tudo”. Pode ser culpa sua algum post aqui, por exemplo. Que você me disse, fez, contou. Eu gosto de olhar o que ninguém olha. Sempre tem um mundo de histórias por trás das coisas de sempre. Ai vai o que eu vi nessa cena que contei aí em cima.

– Mas você vai morrer!  Rasgado.

– Eu sei.

– Mas não vai durar nada, se ainda durasse, tinha serventia. De alguma coisa valia. Mas papel, pra quê? Ela tá ali só esperando, não vê? Pra te estraçalhar todinho. Estar aí não interessa. O que ela quer está dentro de você. E olhe que tem pressa.

– Cada um com seu papel.

– O seu não podia ser diferente, papel de presente?

– Podia. Mas eu não queria. Eu me rasgo pela expectativa. O que tem dentro é Tesouro. Morro e a vontade eu deixo viva. Eu faço o mistério irresistível e ainda dizem que os Amores efêmeros não são bonitos. Sinceramente, eu sou lindo.

 

Clarice Freire.

 

Fotos via iPhone e Instagram.

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